O índice de homicídios em Pernambuco e suas relações com a desigualdade social

Por: Rebeka Cavalcanti

Vivemos em uma sociedade marcada pela violência, onde o índice de homicídios está entre os maiores do país. O Estado de Pernambuco encontra-se no 4º lugar deste ranking perdendo apenas para o Rio de Janeiro em 3º, Espírito Santo em 2º e o líder da tabela o Estado de Alagoas com um percentual de 66,2%.

Um dos maiores motivos para este descontrole é a desigualdade social, pois a maioria dos casos de homicídios ocorre com pessoas de baixa renda, onde não têm uma maior informação, uma ajuda para se tornarem cidadãos de bem. O que ocorre com essas pessoas é a incompreensão de uma sociedade preconceituosa que não tem a coragem e a decência de enxergar o que está a diante, “produzindo”, dessa forma, cidadãos desmoralizados que infelizmente constituem a maioria de nossa população.

Não só com pessoas menos favorecidas ocorrem homicídios, também há crimes horríveis cometidos por pessoas da alta sociedade como no caso da milionária Suzane Richthonfen, em São Paulo, que planejou a morte dos pais e teve como cúmplices seu namorado e o irmão do mesmo. Um caso absurdo e desumano. Suzane simplesmente cometeu este crime por causa de sua herança e pelo fato de estar cheia do comando dos pais. Ela foi presa e julgada, porém, depois de seis anos de prisão, irá responder em regime semi-aberto. Com isso, vemos o absurdo cometido pela justiça, um crime bárbaro como esse cometido por uma patricinha mimada. No começo foi um escândalo visto pela sociedade, depois só pelo fato de ser uma prisioneira de “boa conduta” teve a pena reduzida. Assim vemos explicitamente a desigualdade social, pois se Suzane Richthonfen fosse uma moça de rua, ou simplesmente de classe mais baixa, com certeza ela ainda estaria na prisão e sem direito algum de melhoria e redução de pena.
São por esses fatos e outros que vemos como nossa sociedade, não só aqui em nosso estado, mas também em nosso país, é hipócrita e sem escrúpulos, visa apenas o bem-estar de quem possui melhores condições sociais e o resto que se “dane”. Ao invés de investir em educação, programas sociais, está só preocupada com o próprio umbigo, ou seja, com aumento de salário “dos engravatados” e a fazer campanhas políticas para quando chegarem as eleições, onde a maioria dos cidadãos, que são os que mais precisam, serem iludidos com promessas desses corruptos com uma ilusão de melhoria. O que todos nós sabemos é que não veremos nem a metade do que prometem.

Pernambuco, por sua vez, é uma das maiores vítimas desses senhores de gravata, onde vemos explicitamente nossos irmãos de terra nas ruas, passando fome, com uma vida miserável em favelas, correndo todo um risco de vida, não só com o índice de violência elevado, e sim mais sujeitos a doenças infecto contagiosas. A violência cresce demasiadamente em nosso estado, nosso percentual em 2009 é de 51,6% em casos de homicídios pelo levantamento do Ministério da Justiça, como relatado no início desta matéria. Pernambuco está entre os quatro estados mais violentos do Brasil. Caímos, é verdade, porém ainda estamos em um patamar muito elevado. Na tabela a seguir veremos detalhadamente este percentual de 1998 a 2007:

Repare como os percentuais não chegam sequer a 50,0%. Isso porque não temos medidas satisfatórias e eficientes para combater tal número.

Outro fato preocupante é a quantidade de homicídios contra mulheres que cresce a cada dia. Mesmo com a lei Maria da Penha, a violência contra a mulher não para de crescer. Normalmente os casos de homicídios registrados são de mulheres assassinadas pelos próprios companheiros que não aceitam o fim do relacionamento. Geralmente vemos esse tipo de crime em comunidades de baixa renda, onde a desigualdade social mais influencia este tipo de atrocidade. A violência contra a mulher cresceu 30% este ano no país, um número assustador. Mesmo com campanhas e protestos, o índice de violência é crítico.

16/01/2009 - Nanci Francisca de Santana, 29 anos, homicídio a pedradas, Recife.

O que acabamos de ver na foto é um absurdo contra a vida. Percebemos que a sublime arte de viver torna-se algo insignificante, onde os homicidas matam como insetos vidas humanas e frágeis, principalmente a da mulher, ser que gera e conduz a vida. Nossa esperança é que ao menos em 2010 o índice de homicídios caia, não só contra a mulher, mas em todo o contexto geral.

Esperamos que as autoridades tomem mais consciência sobre este fato tão preocupante, a violência em nosso estado. Estamos ansiosos para ver tal índice diminuir ao invés de aumentar sua porcentagem a cada dia. O ideal seriam programas sociais para maior esclarecimento sobre a valorização da vida. Vamos esperar com fé pela bondade e sabedoria dos que podem reverter essa situação, ou seja, nós mesmos com garra e coragem para enfrentar a nação corrupta.

25 de agosto de 2009